Alvorada de magia na simplicidade
de um balão.
Os homens dão alma ao balão. Só assim se pode elevar no ar... Suave como uma pluma.
Já se nota o sol que beija, docemente, esta "passarola" que o "Gusmão" não foi capaz de pôr no ar, mas outras mãos o fizeram.
Sonhos que voam livres aprisionados no ar de um balão...
É esta a chama que o aquece. É esta a chama que o eleva do chão. É esta a chama que o mantém a pairar no silencio da manhã que se levanta...
Olha o sol! Este fabuloso e único sol que no horizonte espreita. Que do horizonte se levanta, espreguiçando-se como gato amodorrado, mas vivo, brilhante. Bola de fogo inigualável.
Lá em baixo a terra. Aos nosso pés a terra, fértil, verde, por vezes tão dura e madrasta; outras, tão mãe amorosa e benfazeja. E nós, sobrevoando a quietude dos cheiros e dos orvalhos perdidos...
A plenitude que se sente na barquinha de um balão sobrevoando a vida. Ao sabor da aragem, ao sabor das aves, ao sabor da aurora...Ao sabor de mim...
As vinhas "passam" inertes a meus pés e transportam-me ao mosto que em breve encherá o ar após a "pisa".
As vinhas "passam" e eu fico presa a elas; cacho de uvas por vindimar...
Um sombra projectada na planície. Como o outro lado do espelho assim um desenho de balão, recortado na planura.
A água; que rega, que dá vida, que refresca, que embeleza e empresta cor e serenidade à paisagem. A água, de uma beleza invulgar, nos recortes de uma barragem que irriga e se espraia preguiçosa.
O "Roxo", agora um pequeno lago com meandros acastanhados e apontamentos verdes de vida. Barragem que o Estio foi secando, mas que alegra a vista o seu reflexo na lonjura.
Do alto os verdes e os castanhos são uma tela magnifica; um pintor Maior pintou-a, deu-lhe odor, deu-lhe luz, deu-lhe forma. Acima de tudo deu-lhe vida!
Paisagem fabulosa, onde a mão do homem e a natureza se casam em harmonia.